Trobadores

Lisboa em versão medieval

Desde 2010 que há um recanto medieval na cidade do século XXI. O Trobadores trouxe a Idade Média até à Baixa lisboeta e encheu-a de animação, petiscos e bebidas tradicionais, servidas em cornos ou canecas de barro. Jograis e almocreves prometem juntar-se ao banquete e fazer de cada noite uma festa. Pouco importa se o paço dos reis e as igrejas do clero estão ali ao lado. Esta taberna abriu as portas para fazer a alegria do povo.

“O que poderá faltar em Lisboa, se a cidade que já tem bares para todos os gostos e feitios?” Durante muito tempo a pergunta não saiu da cabeça de Ricardo, André, Miguel e Frederico, quatro amigos apostados em abrir um espaço diferente na capital. O primeiro lembrou-se de um pub medieval que tinha visto nos Estados Unidos e lançou a ideia para cima da mesa, que rapidamente reuniu consenso entre todos. Afinal, “se até Nova Iorque já tem um bar medieval, porque não Lisboa”?

De uma pergunta à outra passou quase um ano mas em junho de 2010 o Trobadores abriu finalmente as portas. A Rua de São Julião, a meio caminho entre a Praça do Comércio e a Igreja da Madalena, foi a morada escolhida.

Barris, escudos e… cornos

A fachada tipicamente pombalina do Trobadores lembra que o edifício não tem mais de 250 anos mas lá dentro espera-nos uma viagem ainda maior no tempo, rumo à Idade Média. As mesas e paredes de madeira, decoradas com escudos, armas e peles de animais, transportam-nos desde logo para uma taberna medieval, onde também não faltam barris, louça em barro e tochas e candelabros de ferro. À primeira vista só o aparelho de ar condicionado parece destoar no cenário, mas o calor lisboeta assim o exigiu.

Ao fundo da sala, com chão de madeira e tetos em abóbada, salta à vista um bar repleto de garrafas, umas com vinho e outras de bebidas tradicionais. Já no balcão não faltam as torneiras de cerveja e uma grande vela coberta de cera, que foi escorrendo ao longo dos últimos anos. Lado a lado, vários cornos e canecas de barro ajudam a compor o cenário mas também têm utilidade (e não é pouca). É por lá que os clientes mais gostam de beber a sua cerveja, servida como sempre por uma “taberneira” vestida a rigor. Brindemos, então, aos tempos idos.

Comes e bebes destes e d`outros tempos

A Idade Média pode ter sido um período de obscurantismo e retrocesso cultural mas uma coisa é certa: na época gostavam de comer e beber! Se também for o seu caso não deixe de passar pelo Trobadores porque lá encontra muitas opções. A carta da casa começa com as Bebidas dos Deuses e o hidromel surge logo à cabeça, secundado pelo zimbromel (semelhante ao anterior, mas também com zimbro) e pela ginjinha, entre outras especialidades tipicamente lusas.

Extensa e variada é também a carta de cervejas, com mais de uma vintena de marcas. O destaque vai para as artesanais, sobretudo as portuguesas, oriundas de localidades tão improváveis, como a Ericeira ou Vila Verde. Os apreciadores de vinho têm à disposição outras tantas referências, estas exclusivamente nacionais, enquanto as espirituosas são cerca de 18. A lista fica completa com as bebidas dos tempos modernos, desde as colas às energéticas, que se existissem na Idade Média dificilmente passariam pelo crivo apertado da Inquisição. 

Nesta taberna medieval ninguém passa fome. Chouriço assado, torricado de bacalhau, tibornas, gratinados de queijo com mel ou tábuas de presunto são alguns dos petiscos da casa que, sob marcação e para grupos superiores a 12 pessoas, também serve jantares. Entre os pratos de inspiração mais medieval estão, por exemplo, o lombo assado com castanhas ou o leitão. 

A história como banda sonora

Desde o primeiro dia que o Trobadores faz da animação um cavalo de batalha. Além da música ambiente, que privilegia o folk e os sons celtas, esta taberna também organiza concertos (três vezes por mês) e outras atividades culturais ou recriações. É o caso das sessões de poesia ou das Tardes do Jogral e da Banda Medieval (uma vez por mês, ao domingo), altura em que uma personagem histórica anima o bar com jogos de palavras, danças e canções. Aqui a boa disposição está sempre garantida, a fazer lembrar as noites medievais que não terminavam enquanto restasse uma pinga de cerveja ou hidromel. No Trobadores o único limite são as horas de encerramento (quatro da manhã à sexta-feira e sábado e duas da manhã de domingo a quinta). Até lá o cliente é rei e senhor. 

Nelson Jerónimo Rodrigues 2014-07-24

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