Restaurante Bombordo - Setúbal

Uma casa castiça onde o peixe é rei

O primeiro restaurante de Setúbal a servir rodízio de peixe ganhou fama e proveito no início deste século e é hoje uma referência na cidade. Quinze anos depois o segredo continua o mesmo: peixe fresco, bom e barato, servido em grande variedade e doses generosas. Da próxima vez que visitar Setúbal, vire a Bombordo e (re)descubra este clássico da restauração sadina.

Haverá localização mais oportuna para um restaurante de peixe que as redondezas da lota? É junto a ela, mais precisamente na Rua Ocidental do Mercado que fica o Bombordo. Chegar até lá não é difícil mas, em caso de dúvida, basta seguir o cheirinho a peixe grelhado que todos os dias, à hora das refeições, toma conta desta via entre a Avenida Luísa Todi e o rio Sado.

Se o olfato não o enganar há de dar de caras com uma sugestiva montra, ainda na rua mas debaixo de um alpendre, recheada das mais diversas espécies de peixe. Este chegou há poucas horas da lota mas também não ficará muito tempo em exposição, seguindo quase de imediato para a grelha, ali ao lado, e logo depois para o interior do restaurante ou para a esplanada com vista para o rio.

No Bombordo sempre foi assim. Há muito que a frescura do peixe é ponto de honra, tanto na época em que servia refeições num pequeno espaço em plena avenida Luísa Todi ou quando ocupou duas enormes salas com mais de 200 lugares. Destas manteve-se apenas uma mas a qualidade dos produtos e do serviço, descontraído e assumidamente bairrista, continuou intocável.

Paixão pelo mar e pelo Vitória

Para lá de uma fachada simples e discreta, decorada com golfinhos a mergulhar no oceano, revela-se um espaço amplo e castiço dominado por símbolos do Vitória de Setúbal, o clube da terra. Os motivos marinhos, como estátuas de gaivotas, pedras do mar ou desenhos de lulas e atuns, voltam a marcar presença mas o que mais salta à vista são as muitas camisolas de futebol que emolduram as paredes. Meyong, Paulo Ribeiro, Sandro ou Ricardo Batista são apenas alguns dos jogadores que passaram pelo restaurante e fizeram questão de deixar uma recordação devidamente autografada.

Em tempos a sala também ostentou um poster com o plantel do Barcelona assinado pelo britânico Bobby Robson e pelo setubalense José Mourinho, então treinadores do clube catalão. De todas as ofertas por esta preciosidade, a mais elevada chegou de um casal espanhol que se dispôs a pagar 2.500 euros. Em má hora a proposta foi recusada porque dois dias depois assaltaram o restaurante e levaram a foto. É por estas e por outras que a casa não pode dispensar as pouco apelativas (mas seguras) grades nas janelas.

Chão em tijoleira, tetos brancos, mobiliário escuro e toalhas (em pano) de várias cores compõe o resto do espaço, atualmente com capacidade para cerca de 120 pessoas. A este junta-se ainda a esplanada, onde cabem mais algumas dezenas, especialmente convidativa nas noites mais quentes graças ao fresco do rio e às paisagens que se estendem até Troia.

Peixe grelhado e choco frito a saltar de mesa em mesa

O espaço pode ser simples mas a comida e os preços não deixam ninguém indiferente. O rodízio de peixe, conceito que o Bombordo trouxe para Setúbal, continua a ser o ex-líbris da casa. Por 12,5 euros (inclui pão, azeitonas, bebida, salada, batatas, açorda e café já incluídos) é possível comer até nove variedades, escolhidas entre uma extensa lista que pode chegar às 16 opções, consoante a época do ano e a disponibilidade dos fornecedores. Sardinha, carapau, sargo, salmão, cavala ou dourada são apenas alguns dos peixes que chegam à mesa, sempre frescos e maioritariamente pescados em mares nacionais. Quem não dispensar o choco frito deverá contar com mais 3,5€ no preço final.

Outra alternativa passa pela grelhada mista de peixe ou pelo conceito mais tradicional de ementa. E neste caso também não faltam especialidades de fazer água na boca, como a massa de sapateira, o arroz de marisco ou de tamboril, as cataplanas, a feijoada de choco, a caldeirada à Bombordo ou o cação à Marinheiro. Já os adeptos da carne podem contar com um afamado bife à Bombordo e outra meia dúzia de pratos, como a picanha, as costeletas de cachaço ou a tábua de entrecosto. Mas nesse caso é quase como remar contra a maré. Como diz o ditado popular, o peixe pode até não puxar carroças mas todos os dias traz vários autocarros e outras romarias gastronómicas até à porta do Bombordo.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2015-07-04

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