Restaurante Arquivo - Porto

Privacidade e bom gosto

A porta fechada guarda o rigor da cozinha clássica, numa casa que data de oitocentos. Mas não se espere uma atmosfera dessa época. Em plena Praça da República há design vintage e arte contemporânea para levar para casa, a somar à vontade de criar uma agenda cultural própria.

Apenas uma discreta placa preta. Não fosse isso e facilmente passaríamos sem que nada nos interpelasse, levando-nos a questionar o que se passaria para lá desta porta. O palacete de finais do século XIX acolhe agora um espaço em claro contraste com o desencanto que foi tomando conta da Praça da República. Podemos chamar-lhe restaurante, claro, mas é pouco para explicar o que é afinal o Arquivo.

Herdou o nome do Arquivo Distrital do Porto, que aqui funcionou de 1932 a 1995, chegando a servir de guarda ao espólio da biblioteca de Almeida Garrett. Antes tinha sido uma casa particular, desde a sua construção em 1883. Os arquitetos Inês Fraga e Tiago Júdice tomaram em mãos o projeto de o requalificar, preservando a traça original mas virando do avesso a filosofia da sua ocupação. Puseram de pé um projeto que promete uma agenda cultural singular, entre comida de excelência, peças marcantes de design e arte contemporânea.

Nada se perdeu da autenticidade do edifício, nem da sua envolvente. As lareiras foram preservadas, assim como o bonito chão do corredor do piso de entrada, a somar-se às portas de madeira e ao soalho. Até a cozinha se manteve na divisão original. E se ainda subsistirem dúvidas de onde estamos, basta ver as traseiras, onde espreita um Porto envelhecido como as roupas estendidas. Aqui a cidade respira verdade.

Alda Rocha 2012-04-04

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