Pirilampo, vaga-lume ou luze-cu

A autora do blogue Quimaterapia não precisa de ir procurar pirilampos porque estes luminosos animais vão ter com ela ao jardim. Neste texto, Marta explica-nos tudo sobre os vaga-lume como se tivéssemos oito anos. Será que, se juntássemos muitos num frasco, podíamos substituir uma lâmpada?

Há fenómenos na natureza difíceis de entender ou, pelo menos, difíceis de explicar a um miúdo de oito anos. Porque é que a lua também aparece de dia? Porque é que o céu fica cor-de-rosa ao final da tarde? Há mesmo um pote com ouro no final do arco-íris? E uma mãe desdobra-se em explicações, umas com base empírica, outras com base científica e com recurso à preciosa ajuda da internet ou de livros empoeirados esquecidos nas prateleiras da sala.

Com a chegada das noites amenas de Primavera chegam também os pirilampos ao nosso quintal. Todas as noites piscam num frenesim que parece reflectir na terra um céu estrelado. As perguntas não se fizeram esperar. Porque é que eles vêm para aqui? Porque dão luz? Para que dão luz?O que comem? Porque é que se chamam pirilampos?Quando é que se vão embora? E, se juntássemos muitos num frasco podíamos substituir uma lâmpada?

Tentei responder-lhe na mesma ordem. Vêm para aqui porque não há poluição e eles gostam de lugares assim, sem luzes por perto e com muita vegetação. A luz que dão resulta de uma reacção química na qual uma substância, denominada luciferina, é transformada por acção da enzima luciferase. É uma reacção tão perfeita que quase não envolve produção de calor, praticamente toda a energia é transformada em luz.

Os mais novos usam a luz como protecção, para avisar os predadores que têm substâncias químicas nocivas. Nos adultos a luz é usada para atrair parceiros ou presas. Comem outras espécies de pirilampos, caracóis e vermes.

Chamam-se pirilampos mas também são conhecidos como vaga-lume ou luze-cu, o nome científico é lampyris noctiluca e a palavra lampyra, de origem grega, significa portador de lanterna.

Nunca se vão embora, mas só os podemos ver entre maio e setembro. Depois de acasalarem, as fêmeas depositam os ovos na terra ou na vegetação. Eclodem poucos dias depois e assim surgem as larvas que ficam escondidas no solo durante o Inverno e saem na Primavera seguinte.

Quanto à última questão... Hum, talvez sim, mas não íamos fazer isso aos bichos pois não? Pergunto eu desta vez. Responde com um sorriso e um sonoro CLARO QUE NÃO! Era só curiosidade.

A autora e o blogue
Entre Santarém e a serra da Lousã, Marta Ribeiro não tem muita rede. É por isso que, apesar de manter o blogue Quimaterapia desde 2007, não é uma blogger, digamos, muito assídua. O que lhe ocupa as horas é a horta por regar. É aquele pedaço de madeira ou o tecido velho que encontrou. É ver as minhocas com o filho Gaspar, ir com ele e com o marido Joaquim tomar o primeiro banho de mar ou de rio. Mãe, jornalista, artesã, fotógrafa curiosa, Marta vive a mais de 65 km de Lisboa e adora. (Ah, e Quimaterapia não tem nada a ver com doenças. São apenas as terapias do Quim e da Marta).

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Por Marta Ribeiro 2015-05-26

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