Passeios de eléctrico

Histórias sobre carris

Um eléctrico pode ser muita coisa. Um meio de transporte, uma diversão ou um símbolo de uma cidade. Pode ser, e é. É também um monumento mas não como os outros, imóveis e frios como a pedra de que são feitos. Ainda que muito antigos, estes eléctricos são ecológicos e levam-nos a conhecer paisagens de outros tempos. Venha daí.

Eléctrico 1 - Porto

Não é que o templo não mereça mas a fila de gente que se mantém junto à Igreja de São Francisco, no Porto, aguarda sim mas pelo eléctrico. Para completar a meia hora de visita, o tempo entre cada partida do eléctrico, uma breve passagem pela Casa do Despacho, Sala das Sessões e o Cemitério Catacumbal do século XIX do antigo convento dos franciscanos.

O percurso mostra-nos dos lugares mais genuínos e pitorescos do Porto. A começar pelas mercearias de bairro, coladas à linha e vizinhas do lado de grandes marcas do design e da moda.

Miragaia é já na próxima paragem. Não há problemas de custo se descer logo aqui porque o preço que se pagou pelo Viajante Museus (10 euros), a nova modalidade de ingresso que igualmente dá acesso aos museus, permite subir e descer as vezes que apetecer.

Mesmo à beira-rio fica, desde a segunda metade do século XIX, o imponente edifício da Alfândega. É hoje Museu dos Transportes e Comunicações e a obra de recuperação levou a assinatura de Souto Moura.

Novamente sobre carris, segue-se lá para as bandas de Massarelos onde fica o Museu do Vinho do Porto cujo edifício já serviu de tudo um pouco, desde armazém de vinhos até depósito da Alfândega.

Nas tascas e cafés do Largo do Chafariz, homens da terra jogam às cartas e ao dominó, discutem futebol e lêem o jornal desportivo. Logo de seguida, mesmo em frente à alameda relvada, descobre-se a antiga Central Termo-Eléctrica ou por outra o Museu do Carro Eléctrico. Esta é também uma homenagem à cidade portuguesa, a primeira de toda a Península Ibérica a integrar na sua paisagem um carro eléctrico há 119 anos.

Agora é de vez, de eléctrico até ao final. Máquinas fotográficas preparadas que vamos passar pela Ponte da Arrábida. Notável pelo vão de 270 metros, foi record mundial para pontes em arco de betão armado.

Antes prolongava-se o caminho de eléctrico até ao castelo do Queijo mas hoje não vai mais longe do que o início do Passeio Alegre, local de deambulação da sociedade elegante de outros tempos.

No regresso, se por acaso optar pelo mesmo meio de transporte observe o ritual protagonizado pelo guarda-freio ao mudar, cada vez que uma viagem se inicia, o sentido do encosto dos bancos. Como há quase 100 anos. Igualzinho.

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Eléctrico 22 - Porto

O percurso é breve mas dá uma perspectiva diferente mesmo para quem já trilhou a pé aquele caminho vezes sem conta. No Carmo, junto ao quartel, perto do Hospital de Santo António e do Jardim da Cordoaria, começa o trajecto da Linha 22, três décadas após o seu desaparecimento da paisagem do coração da cidade.

O custo do bilhete é de 1,50 € e a linha arranca na Praça Gomes Teixeira, mais conhecida por Praça dos Leões, desce a Rua dos Clérigos e atravessa a Praça da Liberdade, junto aos Aliados. Pelo caminho espreitam-se alguns locais emblemáticos da cidade como a Torre dos Clérigos, a Livraria Lello, a Estação de S. Bento ou as igrejas dos Congregados e de Santo Ildefonso, enquanto se aprecia o emaranhado de transeuntes que se cruzam, subindo ou descendo duas das mais movimentadas artérias da Invicta.

Para além dos turistas, também os portuenses o usam para evitar as íngremes subidas e descidas que são as ruas 31 de Janeiro e dos Clérigos. O circuito de 2 ou 3 quilómetros termina mesmo junto ao funicular dos Guindais, após ter passado pelo Cinema Batalha e pelo Teatro Nacional S. João. Daí, pode optar-se pela rápida descida até à Ribeira pelo funicular que termina mesmo debaixo da centenária ponte D. Luís I, na Avenida Gustavo Eiffel (também com o custo de 1,50€).

Mas, quem preferir, pode fazer o regresso ao Carmo, pela sempre cosmopolita e comercial Santa Catarina, descendo a rua de Passos Manuel, seguindo pela Praça D. João I, junto ao Rivoli, atravessando os Aliados para depois subir a Rua Filipa de Lencastre até se chegar de novo ao Carmo.

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Paula Oliveira Silva 2010-09-22

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