Inverno no Alto Alentejo

Lembra-se de quando andava pelas estradas nacionais e tinha todo o tempo do mundo para chegar ao seu destino?
No norte-alentejano ainda se anda assim, com o vagar necessário para apreciar a paisagem pontuada por sobreiros meio despidos.
Por caminhos de cortiça, de azeite, de bons vinhos e da boa gastronomia, temos sempre a sorte de encontrar espectadores curiosos...
Próxima paragem: Terras do Mestre. A vila de Avis ergue-se acima da linha da planície e da albufeira do Maranhão.
Perca-se nas ruas estreitas e coloridas, onde os testemunhos do passado deixaram um marco único.
Além dos monumentos, a simpatia dos habitantes nota-se nas muitas estórias que têm para contar...
No Inverno, o Alentejo não perde as suas cores ligadas à terra e ao céu aberto, mas fica ainda mais melancólico, de ramos nus.
Para onde quer que se olhe há animais a pastar livremente enquadrados em cenários que lembram aguarelas...
Oliveiras e campos alagados pela chuva são, geralmente, uma benção em terra de secas frequentes.
Nas brancas aldeias que encontramos a caminho de Portalegre, há sempre pormenores peculiares da vida simples alentejana, como este espantalho à espreita...
Serras deitadas nas nuvens / Vagas e azuis da distância (...) Campos verdes e Amarelos, Salpicados de Oliveiras / E que o frio, ao vir, despia. José Régio in Toada de Portalegre.
Deixamos a terra para trás e ficamos mais perto das nuvens. Subimos aos ziguezagues pela serra de Marvão até à vila que lhe dá o nome.
De Marvão vê-se a terra toda, disse Saramago. Vale a pena confirmar para no final murmurarmos Que grande é o mundo....
E que grande é o Alentejo, mesmo com os encurtados dias de Inverno.

De Ponte de Sor a Marvão

Rita Delille 2010-02-01

Receba as melhores oportunidades no seu e-mail
Registe-se agora