Corte e costura

Que aprender costura está na moda já não é novidade. E que tal partilhar essa aprendizagem entre pais e filhos? É o que nos conta a Catarina do Catrenata, o blogue convidado desta semana.

Podia ter-me dado para pior… mas deu-me para aqui! Há mais de um ano comecei a aprender costura. Com máquina e tudo! Até consegui que me oferecessem uma de presente no meu 40.º aniversário, que isto mais vale tarde que nunca!

Quando era miúda, andei na "Casa do Trabalho", onde se aprendia a costurar e a bordar. O auge da carreira na “Casa do Trabalho” era bordar uma toalha de mesa e eu cheguei mesmo a começá-la! Claro está que nunca a acabei… Mas antes dela fiz pegas, panos tabuleiro, sacos do pão… Na hora do lanche todas as meninas (sim, só havia meninas!) rezavam para agradecer a Deus a refeição. Eu nunca abri a boca. Nunca consegui sequer fingir que estava a rezar (como a minha irmã fazia!). Já na altura eu sabia que era à minha mãe que tinha de agradecer o pão.

A minha avó foi para um lar por já estar velhota para estar sozinha e fomos obrigadas a “desmontar” a sua casa. Nessa altura descobri uma máquina de costura muito antiga, linda, preta e decorada com flores! Acho que foi o que me inspirou a ingressar novamente na costura!

Depois de umas manhãs de sábado ausente nas aulas de costura, o meu filho, o Tomé, decidiu que queria cursar comigo e lá fomos nós, em família para a costura! Em boa hora fomos juntos porque o Meco estava a falecer…

Passo a explicar: O Meco foi o primeiro e o melhor amigo do Tomé! Foi também o primeiro presente que recebi quando soube que estava grávida. Agora, sempre que sei de alguma grávida amiga, a primeira coisa que faço é oferecer um Meco à Mamã.

Quando me apercebi que o Tomé se tinha agarrado definitivamente ao Meco, tentei comprar outro mas como as gravidezes demoram muito, já era da colecção passada e não havia em Portugal. Encontrei em França e pedi a uma amiga para o ir comprar e trazer para Lisboa.

Destrambelhada como sou, rapidamente havia dois mecos na nossa vida… o Meco e a Meca! Voltámos a perder um… Depois perdemos o outro…

Fiquei muito triste com a tristeza do meu filho e voltei à carga! Procurei, procurei e encontrei num site francês. Mandei vir sem contar nada a ninguém. Quando o pacote chegou pedi ao Tomé para abrir mas era um Meco gigante!!! Na foto do site não se via o seu real tamanho…

Uns meses mais tarde um dos mecos de tamanho original reapareceu e regressou a casa. Todo roto e velhote… Projecto do Tomé na costura: reabilitar o Meco! Eu continuo sem saber grande coisa de costura mas o Meco está impecável! Felizmente tínhamos uma professora!


O Tomé diz que gosta tanto do Meco como dos pais, mas eu desconfio que ele prefere o Meco… Ele não o manda tomar banho!

“O Meco é o meu amor.”

A autora e o blogue
Em setembro de 2013, quando o filho entrou para o 1º ano, Catarina Delgado decidiu lançar o catrenata onde vai contando pequenas histórias do quotidiano numa coletânea cujo título poderia bem ser "como educar crianças felizes". Interessada e autodidata em questões de educação, Catarina é produtora de TV e vive em Lisboa com o marido Rui e o filho Tomé.

Textos anteriores no Lifecooler:

Em Mafra

O fado está na moda

Amalfi é indali!

Por Catarina Delgado 2015-03-04

Receba as melhores oportunidades no seu e-mail
Registe-se agora