Al Café Campo de Ourique -Lisboa

Chicha, couscous e uma história de amor

Quatro anos depois de abrir portas na Estefânia; o Al Café ganhou mais uma morada, agora em Campo de Ourique, onde promete revelar os prazeres e sabores do Magreb. Um espaço de cores, aromas e paladares marcantes que convida ao cruzamento de culturas enquanto se fuma um cachimbo de água ou se prova um jantar árabe. A Tunísia e Marrocos nunca estiveram tão perto…

Quando se cruzaram pela primeira vez num hotel de Hammamet, a portuguesa Ana e o tunisino Aymen estavam longe de imaginar que daquele encontro nasceria um grande amor. A verdade é que seis meses depois estavam casados e de viagem para Lisboa, já com a ideia de abrirem um espaço tipicamente magrebino que desse a conhecer a cultura (gastronómica e não só) do norte de África.

O primeiro Al Café nasceu na Rua da Estefânia em 2010 e o sucesso foi tal que permitiu a abertura de mais uma casa, já em 2014, desta vez situada no bairro de Campo de Ourique (Rua Padre Francisco) entre o mercado e cemitério dos Prazeres. Tal como acontece no “irmão” mais velho, os cachimbos de água (ou chichas) são as principais atrações mas também não faltam artesanato típico e refeições árabes mediante reserva. Entre fumos e petiscos se descobre o Magrebe.

Um cantinho de Fez em Lisboa

Apesar de situado numa rua discreta, o Al Café Campo de Ourique não passa despercebido. Os motivos mouriscos desenhados na montra e os cachimbos que se avistam do outro lado do vidro revelam a inspiração árabe da casa e aguçam a curiosidade de quem passa à porta.  

Lá dentro predominam as cores quentes, como o vermelho, o laranja e o amarelo, enquanto a decoração é composta por objetos comprados de propósito em Fez, cidade imperial marroquina. Peças de olaria e artesanato, um tapete feito à mão e quadros com imagens de Marrocos compõem as paredes, enquanto dos tetos pedem os tradicionais candeeiros em estilo árabe. Tudo ao som de música tradicional.

O Al Café Campo de Ourique está dividido em duas salas: uma maior, com várias mesas, um balcão corrido e uma montra de produtos; e outra mais intimista, o chamado recanto árabe, rodeado por sofás e pufes marroquinos. É aqui que melhor se recria o ambiente magrebino, além de ser o espaço ideal para um grupo de amigos beber um chá ou partilhar a tradicional chicha. Cada cachimbo, seja com tabaco ou com um dos muitos aromas à disposição (como morango, maçã ou até Coca Cola) custa 5 euros e dura cerca de 40 minutos.

Sabores que aproximam culturas

Quem quiser experimentar uma refeição árabe terá obrigatoriamente de reservar com antecedência. Caso contrário, encontrará o mais comum dos pratos (como bacalhau à Brás, lasanha ou rolo de carne) além de sandes, hambúrgueres e afins. Por vezes há algumas entradas mais exóticas (como chamuças ou falafel) e é possível que o couscous venha a ser um dos pratos do dia, mas primeiro a casa quer saber se existe procura suficiente. Afinal trata-se de um pequeno café e não de um restaurante especializado.

Uma vez feita a reserva, o Al Café promete servir um verdadeiro manjar árabe. A começar pelas entradas, que vão do húmus (creme com grão de bico), ao brick à beuf (pastel frito com recheio à base de ovo, salsa, queijo e atum) passando pela harissa, especialidade tunisina bastante picante. Para prato principal haverá três opções - couscous, tagine ou gibena, espécie de ensopado de carne com ervilhas. Os vegetarianos também não foram esquecidos e poderão pedir falafel, um croquete com grão-de-bico muito apreciado no Médio Oriente. As bebidas são à discrição e no final haverá ainda uma sobremesa (portuguesa) à escolha e um café ou chá de menta. Tudo pelo preço de 20 euros por pessoa.

A ideia é dar a provar as especialidades mais famosas no Magrebe que, regra geral, não diferem muito de país para país. Afinal a cozinha marroquina, tunisina ou argelina (por exemplo) têm como base a cultura gastronómica dos berberes, povo nómada que percorria toda a região do norte de África.

Mas Aymen e Ana têm planos ainda mais ambiciosos para o Al Café e desejam que o espaço venha a servir de sede a uma associação luso-árabe que está a ser preparada. Sempre com o propósito de aproximar culturas, fomentar a tolerância e, claro, ajudar os lisboetas a descobrirem os prazeres do Magrebe.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2014-01-28

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