Velharias Casa Encarnada

Tipo de artigos e estilos: Móveis, bibelots, salvas de prata, loiças da companhia das Índias
Morada: Estrada Nacional de Sintra - Ericeira
Código Postal: 2705 TERRUGEM SNT
Tel: 219613680
Distrito: Lisboa
Concelho: Sintra
Freguesia: Terrugem

Antiquários da estrada de Sintra-Ericeira


A magia das casas de velharias e antiguidades e do muito estranho que lá se pode encontrar. Para comprar ou simplesmente apreciar.


Paula Oliveira Silva

Sentimento e Razão

É um mercado com características muito próprias, o das antiguidades, onde obras de arte se misturam com velharias, algumas raras, outras nem por isso, mas onde o valor sentimental é maior do que se imagina. Sabendo bem dessa pequena mas incómoda questão, o sr. Alfredo, das Velharias da Casa Encarnada deixa aos seus clientes um certo à-vontade para, caso se queiram desfazer das peças, as vendam novamente a ele, pelo preço que as haviam adquirido. É que também ele se afeiçoa aos objectos e é com alguma pena que os vê partirem. Mas negócio é negócio e há que ter isso bem presente. No início da profissão fez investimentos, alguns bem sucedidos, outros nem por isso. Várias décadas passaram desde que se iniciou no ramo, contudo ainda hoje fica com a lágrima ao canto do olho só de pensar no que perdeu quando vendeu uma colecção de moedas do início da República Portuguesa por tuta e meia. E ele que tanto percebia do assunto e conhecia o valor de mercado do que estava a vender… Enfim, outras alturas em que procurava o rumo para a sua vida e as prioridades eram outras.

Aqui espere-se encontrar de tudo um pouco. Móveis restaurados e na oficina por restaurar, bibelots, salvas de prata e loiças da companhia das Índias, as peças mais caras da casa. No entanto há que ter-se atenção a este tipo de objectos. A prata de lei, é sempre timbrada, daí que não seja difícil encontrar o símbolo e as porcelanas devem possuir a marca do fabricante ou do local de origem, uma forma de provar a autenticidade. Mais. Como as inscrições mudam consoante as épocas, esta é uma forma de se saber a que altura pertence. Mas para isso é necessário trazer a lição muito bem estudada de casa para não haver lugar para desilusões.


Diante de tamanhas relíquias, há ainda lugar para o fora do comum de onde destacamos uma pequena máquina de fazer hóstias. Costuma-se dizer que neste meio quem investe no invulgar sai recompensado. Só que às vezes, mais estranhos do que os objectos que se vendem são os que se procuram. Peças de colecção como simples botões de diferentes tamanhos e materiais foram já procurados nesta casa que quase sempre consegue satisfazer os pedidos. Gostos são gostos e ninguém melhor do que os antiquários para já não se espantarem com nada e perceberem isso muito bem.


Velhos são os trapos

Velhos são os trapos que vestimos e que com o uso se vão degradando. É certo que há o recurso ao tradicional remendo, mas para além de alterar o aspecto, fica com ar de “conserto” ou fora de moda. Com os móveis não se passa isso. Pelo menos esta é a opinião da dona Isaura Brás da casa com o mesmo nome. Quanto mais antigo for o mobiliário, mais qualidade se consegue nos materiais e nas técnicas empregues. E depois o restauro é muito mais subtil e homogéneo, não só porque o tipo de madeira utilizado é o mesmo mas também devido à existência de produtos que escondem certos “remendos” ou “imperfeições”.

Mas para saber o que se compra há que ter em conta a distinção entre antiguidade e velharia. Por antigo consideram-se objectos e móveis com mais de 100 anos, portanto anteriores à produção em série. Assim, uma peça com 50 anos é uma velharia mas com 150 será uma antiguidade. Claro que também se tem de ter em conta o tipo de objecto e qual o estado de conservação. O conserto de uma porcelana ou vidro é bem mais complicado do que o restauro de um móvel, por exemplo… Cada caso é um caso.

Há peças que são autênticos investimentos e a dona Isaura sabe bem do que fala. Em sua casa já teve um conjunto de cadeiras e cadeirões em estilo indo-português cujo restauro levou meses a fio ao seu marido que é restaurador, mas que no final compensou: uma venda que lhe valeu mais de 15 000 euros. Quem visita os antiquários sabe que pode encontrar um pouco de tudo. O mesmo raciocínio é válido para os preços que se adaptam a todas as bolsas. Raridades ou cópias, objectos do quotidiano ou bem mais raros, tudo pode ser comprado e coleccionado. É o caso de imagine-se, de penicos em porcelana que a dona Isaura tem para vender. Simples ou com pinturas, mais pequenos ou um pouco maiores, tudo é válido menos os de plástico que ainda hoje se compram. Sem dúvida que se trata de um objecto que há muito que deixou de fazer parte do nosso dia-a-dia. Ah, uma advertência, nos preços esperam-se regateios. Quem não o fizer adquire pelo preço mais elevado… Embora pequena, a casa está recheada com peças seleccionadas. As mobílias, o forte da casa, contam todas com mais de 100 anos. Ainda uma grafonola por 250 euros, alguns bibelots mas poucos, outros tantos santos e objectos de arte sacra. Relógios de parede também tem mas como não trabalham, vende-os como simples móveis. Um cliente é um potencial amigo, por isso não quer passar gato por lebre. Cliente insatisfeito é freguês desfeito e nesta loja sabe-se isso muito bem.

2003-01-14
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