Épocas e estilos
Para quem confunde mobiliário de D. Maria com D. José ou Luís XV, o melhor é pesquisar sobre as características desses estilos e quais as épocas históricas a que pertencem. Ir a leilões e frequentar antiquários é outro conselho para se familiarizar com o tema. É que nem sempre é fácil comprovar a autenticidade da peça, porque há imitações bastante perfeitas quanto aos materiais e técnicas empregues. Nos móveis, por exemplo, e caso haja dúvidas, há que ver se são utilizados parafusos e pregos de aço, sinal da contemporaneidade do objecto, ou se foram colocados cravos e outras junções. Postas de parte as suspeitas, podemos estar a comprar uma verdadeira peça de museu, ainda por cima mais barata que uma imitação em contraplacado, o mesmo será dizer de qualidade inferior.
Apesar do nome só referir velharias, a casa Adão é também antiquário e o maior que se encontra ao longo da estrada que liga Sintra à Ericeira. Cá fora há espaço para estacionamento, compartilhado com algumas peças de pedra e outras de ferro que ali ficam já que têm outra resistência às condições atmosféricas. Uma vez dentro da loja que também funciona como armazém, apercebemo-nos que aqui vende-se sobretudo móveis e alguns bibelots, poucos, que os enfeitam. Contudo, para se saber os preços tem que se ter por companhia um empregado da casa que, de caderno na mão, tenta encontrar a correspondência entre a referência e o preço. Uma estratégia para evitar o desvio intencional ou não, de etiquetas. É que neste negócio não existem códigos de barras e como tal é muito fácil fazer passar o preço de uma cadeira pelo do móvel inteiro. O seguro morreu de velho.
Sem grande esforço da nossa parte, encontramos peças inesperados como umas antigas malas de médico, em pele, ou um piano esquecido no fundo da sala. Objectos que serviam os nossos antepassados e que ajudam a perceber como trabalhavam e se divertiam, enfim, como viviam. Afinal, é do conhecimento do passado que sabemos quem somos e como evoluímos. À semelhança dos museus, também os antiquários permitem autênticas viagens no tempo. O cheiro típico deste tipo de casas ainda vem ajudar mais a essa transposição. São dezenas e dezenas de móveis antigos construídos em diversos tipos de madeira com usos muito específicos e nalguns casos, a exalar odores a um restauro que terminou há pouco. Diversos tipos de móveis são aqui vendidos. Camiseiros, cómodas, louceiros, mesas e cadeiras, secretárias, camas e até tulhas para guardar cereais. Faz lembrar as mercearias de aldeia que usavam estes exemplares para guardar cereais e leguminosas como o feijão e o grão. Muito se pode aprender visitando antiquários.
Para não sair enganado
Quando o investimento é grande, aconselha-se à compra em lojas reconhecidas e que passem certificado de autenticidade ou então recibo que especifique o que se está a adquirir. Para evitar situações menos favoráveis pois mais vale prevenir do que remediar.
Na Relíquia do Tempo, o que mais se encontra são móveis antigos restaurados mas que continuam como novos e modernos de tal forma que se não soubéssemos onde estamos poderíamos pensar que se trataria de uma casa de móveis em primeira mão. Apesar dessa pequena ilusão, o difícil é encontrar um móvel com menos de 100 anos. A disposição das peças é outro aspecto a ter em conta, mas para isso é necessário observar bem as atitudes dos clientes. Geralmente gosta-se mais dos primeiros móveis que vimos, os que nos forem apresentados depois já não são vistos com tanto agrado. Por isso não é raro ver-se a disposição das coisas ser alterada com alguma frequência. É nestes casos que se entende melhor o significado de “amor à primeira vista”, coisa rara hoje em dia, mas muito conhecida no mundo dos Antiquários. Relógios antigos, e máquinas de escrever mais ou menos da mesma idade e outras registadoras ou apenas calculadoras encontram-se aqui. Para coleccionadores.
